Thursday, August 21, 2008

Larissa


Ilustração de Greg Hildebrandt.

- Porque parou?

Porque parei? Parei para encher o teu pneu, baby! Não... Muito cafona isso, muito cafageste. Mas mulher gosta é de um bom cafageste, não é?

Mas como não parar diante de um bundão daqueles? O Diabo está nos pequenos detalhes e nos grandes acasos. Aquela estrada quente quase deserta, aquela curva apertada, aquele tronco saliente no lugar errado. Aquela rabanada de vento súbita num dia de quietude, um cisco no olho contra um pestanejar, um relampejo de memória erótica no meu cérebro visual-masculino: onde é que eu já vi esta cena de mini-saia esvoaçante?

- Porque parou? O pneu estava bem embaixo, mas ela estava com tudo em cima.
- O vento soprou algo no meu olho, bem no meio da curva. Eu pisquei e aí apareceu você.
- Sopro mágico... ein?
- Gênia da lampada?
- Não, gênia da mecânica. Me ajuda aqui.

Larissa era uma gênia do pompoarismo, a caminho das olimpíadas de javelin da cidade de Texas, Mato Grosso do Sul. Eu comia ferozmente aqueles glúteos tesos, entrecortando com leves dentadinhas nos gêmeos e ela apertava forte minhas orelhas entre seus quadrados das coxas. Minhas orelhas encarnadas e em forma de repolho me avisaram, mas eu não lhes dei ouvidos.

A prova final estava marcada e a cerimônia de abertura já tinha começado. Atravessei aquele corredor polônes dos sentidos aos tropeções e mergulhei no abismo de olhos cegos, mas de orelhas bem despertas:

- Afinal não dói assim tanto.
- Isso é o que você pensa!