Friday, February 24, 2006

Doris Gleice


Ilustração de Greg Hildebrandt.

Acendi um cigarro.

Doris Gleice avançou pelo quarto lentamente, fincando no soalho os saltos a cada firme passo. O estalido seco do soalho sob seus pés marcando o ritmo compassado de meu coração.

Sem falar e sem se virar, começou a tirar a pouca roupa que trazia: um par de luvas vermelhas jogadas para cima da cama e, ato contínuo, o vestido folheado escorregando pelos seus flancos e caindo a seus pés (já derribado no chão de soalho).

Era uma bela mulher, essa Doris Gleice: longilíneas pernas de bailarina, ancas bem torneadas, seios fartos, um tom de pele moreno aspergido a creolina... as costas e a bunda musculadas, fazendo sobressair o longo sulco que a rasgava supra-meridianamente.

O fumo argolado de meu cigarro se esbatia em suas curvas, dançando ao seu redor como que atraído pelo seu magnetismo. Suas ancas requebraram num lento e sensual gingar que me fez estremecer de desejo.

- Dança para mim Doris! Dança!

Doris Gleice ergueu os braços até à nuca repuxando seus cabelos de azeviche e, num rompante, fé-los voar por entre a fumaça jogando suas mãos para o céu com o maior glamour possível.

A luz fosfórea do letreiro do hotel invadia o quarto, e, refletida pelas estrelas cintilantes de sua pele, exalava um halo de fogo envolvendo cada contorno de seu corpo.

Levantei-me num impulso e alcancei-a com duas vigorosas passadas. Rodeei-a com meus braços pela cintura e mordisquei-lhe o pescoço, depois os lóbulos e depois seus lábios carnudos, enquanto ela, sôfrega, puxava meu cinto, me baixava as calças e agarrava firmemente meu membro viril, já latejando na sua mão.

Apertei sua bunda, cada mão perfeitamente colada a cada rija nádega, estimulando seu períneo em movimentos circulares.

Doris Gleice adivinhou meus pobres intentos, me olhou graciosa e confiante, e sem desviar seus olhos dos meus, molhou dois dedos em sua língua e enfiou-os no cú, sempre sorrindo com a mais doce malícia.

Foi então que ela falou, me dirigindo as suas únicas (Oh gloriosas! Oh divinas! Oh demoníacas) sete palavras :

- Na xota não, eu quero casar virgem.

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